Mistureba
poesia, fotografia, música e outras misturas
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Poema 33
Tão pouco místico
Mas veio em fascículos
Revelando aos poucos
Seus sussuros roucos
Seus desejos loucos
Sua beleza crônica
Sua consiência tônica
Não era todo músculo
Tão pouco místico
Era maiúsculo.
-Paula Taitelbaum -
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Sobre ondas
domingo, 18 de outubro de 2009
Contrários
domingo, 4 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Her Morning Elegance
Sun been down for days
A pretty flower in a vase
A slipper by the fireplace
A cello lying in its case
Soon she's down the stairs
Her morning elegance she wears
The sound of water makes her dream
Awoken by a cloud of steam
She pours a daydream in a cup
A spoon of sugar sweetens up
And she fights for her life
as she puts on her coat
And she fights for her life on the train
She looks at the rain
as it pours
And she fights for her life
as she goes in a store
with a thought she has caught
by a thread
she pays for the bread
and she goes…
Nobody knows
Sun been down for days
A winter melody she plays
The thunder makes her contemplate
She hears a noise behind the gate
Perhaps a letter with a dove
Perhaps a stranger she could love
- Oren Lavie -
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
O sonho
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Ela vai pro mar
Leva um segredo e um maiô lilás
De manhã cedo ela vai pro mar
Leva a certeza que tanto faz
Leva um sorriso em desalinho
Tem o destino que o amor levar
Leva meus olhos pelo caminho
Todo domingo ela vai pro mar
Cega meus olhos e vai pro mar
Mar de turquesa e maiô lilás
Se for bem cedo e o amor chegar
Tenha certeza que tanto faz
Leva um sorriso em desalinho
Tem o destino que o amor levar
Leva meus olhos pelo caminho
Todo domingo ela vai pro mar
Composição: Celso Fonseca / Ronaldo Bastos
domingo, 13 de setembro de 2009
Lucidez
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Parado
É como criado-mudo
Ali parado
Ao nosso lado
Abarrotado de coisas pessoais
Mas quase sempre banais.
- Paula Tailtelbaum -
domingo, 6 de setembro de 2009
Por aí
É sempre esta aventura de viver
Sob os céus e caminhar
Por esta terra de surpresas.
sábado, 5 de setembro de 2009
Benditas
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas
- Marti'nalia -
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ebulição
todos os seus botões do seu corpo.
Dentro dela, reboliço.
A vida ferve.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Erro
Queria a todo custo evitar o sofrimento
Não ser de carne e osso
Queria ser obra-prima
Pulando o esboço.
domingo, 30 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Aurora
Sim, ficou estranho! Mas nada que o tempo e o amor não transformassem em familiaridade, compaixão, graça. E, principalmente, conforto para ela. Pequerrucha e magricela, com rostinho redondo, olhinhos amarelos, e orelhas de pitbull, parecia mais uma personagem de desenho animado. Ou de uma raça rara de gatos. As crianças sabiam disso. Entendiam, e adoravam.
A velhice lhe entrava desafiadora, cheia de complicações, adaptações, perdas... Bom mesmo foram os tempos áureos... Manezinha da ilha, nascida no Rio Vermelho, passou sua infância entre os cavalos, vacas, cachorros, gatos e galinhas da vizinhança, brincando num velho paiol que servia de estábulo para a bicharada. Quando bebê, antes de vir morar comigo, tinha sido achada dentro do motor de um carro, com o narizinho todo ralado! Talvez por isso não gostasse muito de viajar motorizada, nem a curtas distâncias. As máquinas grandes e barulhentas sempre a deixavam desconfiada e assustada. Foi ali também, no Red River, que vieram os primeiros namorados e logo em seguida os primeiros filhotes. Ela até amamentou um gatinho órfão, recém-nascido, que teria morrido de fome não fosse o leite dela. A infância dos gatos é curta, mas intensa.
Quando ela tinha uns dois anos, deixamos a vida bucólica para morar em um apartamento perto da universidade. A mudança foi drástica, mas ela logo se adaptou. Morávamos com mais duas amigas, então ela tinha três camas para escolher onde dormir, três colos acolhedores e sei que ela gostou muito daquilo! Nessa época pegou mania de assistir tevê e engordou alguns bons quilos. Os programas com animais eram os seus preferidos e não raro ela se lançava sobre a tela tentando abocanhar um passarinho que passava em revoada.
Depois de alguns meses, voltamos para uma vida mais perto da natureza. A última casa de um belo morro com vista para o mar da Joaquina. Depois da nossa casa só Mata Atlântica e céu azulado. Bons vizinhos. Ali o espaço era amplo outra vez e as aventuras estavam por todos os lados. Ali, ela aprimorou as artes da caça e ganhou porte atlético. Fez um grande amigo felino que partiu muito antes dela e foi mãe mais uma vez. Gostava de deitar-se na imensa varanda e observar todas as movimentações no terreno e o mar ao longe. Nossa casa era virada para o leste e o sol nascia no oceano todas as manhãs. Um espetáculo que ela não perdia já que, fazendo jus ao nome, era madrugadeira. Já eu, me contentava em espiar o show da alvorada por entre as largas frestas da persiana do quarto, deitada na cama. Ela cuidava do nosso espaço, enfrentava cobras e lagartos - literalmente - e botava pra correr o boxer do vizinho que era, pelos menos, três vezes maior do que ela - e isso com um único miado, mais o rabinho arrepiado e esticado para cima! Era miúda mas cheia de valentia. Numa dessas aventuras ela foi picada por uma cobra e passou uma semana inteira internada em uma clínica. Ainda bem que os gatos têm sete vidas...
Nossa última mudança foi para a minha terra natal, há muitos e muitos quilômetros do mar. Outra adaptação. Outros quintais. Outros vizinhos. Minha rotina super acelerada por conta do trabalho. Menos tempo para ela... Gostava de me esperar abrir a porta, sentada no balcão da cozinha. Era como se adivinhasse a hora que eu ia chegar. E se estava na rua, ao ouvir o ronco do carro, saia em disparada e chegava à casa junto comigo. Entrávamos juntas pela porta, ela já indo direto para o prato de ração e me chamando pra ir junto. Às vezes parecia um cachorro: era só chamá-la pelo nome que ela vinha. A não ser que estivesse chateada com alguma coisa. Aí, ahhhh, era preciso fazer um agrado extra, chamar várias vezes, reconquistá-la. Mostrar que ela era importante! Sempre foi uma meiga. Uma querida. Mas fazia tipo, era orgulhosa. Um orgulho que se desfazia na primeira carícia, mas que demonstrava que ela tinha noção do seu valor. Companheira de noitadas no computador, acompanhou uma monografia e uma dissertação de mestrado. Estava sempre ali, por perto... no sofá, na cadeira, no colo. E adorava dormir entre as dobras do meu cobertor.
Ultimamente, como sempre, acordava, por volta das 6h da manhã... Miava para que eu acordasse e abrisse a porta do quarto. Insistia até eu me levantar. E eu, sonolenta, repetia o ritual todo santo dia. Miando, ela solicitava que eu enchesse o prato até a borda. Pedia inclusive para ser acariciada enquanto comia. E dava umas voltinhas em torno das minhas pernas entre uma e outra bocada. Todas as manhãs era assim. Fazia seu lancinho matinal, sua toillet e depois voltava a dormir. Ela tinha suas manias.
E as tardes sob o sol, principalmente quando nos mudamos para interior onde os invernos são bem mais frios que no litoral. Então, a novela com as orelhas começou... Pena os gatos brancos serem tão sensíveis ao sol e aos problemas de pele. Mas enfim, não foi a doença que a levou. Foi a estriquinina. Uma fatalidade, disse o Dr. Gerson, uma presa envenenada, provavelmente. E isso é tudo que posso dizer, com um nó na graganta. Foi ontem.
Hoje acordei com uma sensação estranha. Hoje não teve o miado das 6h da manhã, anunciando a aurora e a hora do café da manhã da Aurora... solicitando que eu abrisse a porta do quarto e a acompanhasse até o prato de ração, enchendo-o até a borda. Hoje não teve o passeio entre as minhas pernas e os pedidos de carinho.
Aurora virou uma estrelinha, disse um amigo meu, como se falasse com uma criança. Eu achei bonito. Mas são as manhãs, são as auroras que sempre me farão lembrar dela. Saudade. Muita saudade...
Heloisa
Escrito em 21/08/09
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
Nada
-Osho-
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Calma
Absoluta calmaria.
Cada um sabe a dor
e a delícia de ser o que é,
já disse o mano Caê
e eu digo pra você.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Pequeno conto pós-viagem...
Ela conferiu a aerodinâmica de suas asas novas e rumou em direção ao leste. Buscava um canto novo de mundo para descansar sua mente. Queria sentir o cheiro do mar outra vez e a alegria de estar na ilha! No seu peito crescia uma vontade urgente de mudar de vida. Ela queria bem mais do que uma pausa naquela sua rotina esvoaçante e cheia de corre-corres. Ela queria mesmo era se reinventar. E essa vontade de mudança fazia ventania dentro e fora dela e levantava tudo pelos ares, principalmente as coisas velhas que ela não queria mais e que insistiam em acompanhá-la na viagem. Então, de dentro daquele nevoeiro e bem no meio da ilha mágica, ela viu um menino de olhos brilhantes e sorriso majestoso. Não era um desses meninos franzinos que sucumbiriam diante do primeiro sopro ou dos ventos fortes que emanavam dela. Não. Era um menino forte, cheio de opiniões e sensibilidades e que preparava misteriosas poções mágicas. Ele era todo terra, terroso, aterrado e naturalmente aromático... O menino preparou um chá de ervas com especiarias e serviu um jantar todo cheio de fragrâncias. Ela então começou a pousar os pés no chão lentamente, num processo que demorou horas e horas até, finalmente, descer inteira do furacão... Dizem que ela comeu, bebeu, dançou e seguiu viagem. O que nem todos sabem é que depois do jantar e da música - quando uma espécie de cumplicidade sutil já tinha se estabelecido entre eles - ela provou de um sabor secreto que o menino guardava com ele, um sabor adocicado e indescritível. E então ela pode, finalmente, descansar ali a sua mente: na doçura daquele beijo e na fortaleza daquele abraço.
E o coração dela se alegrou.
P.S.: Dizem que quando a saudade pesa no peito, ela desce dos céus para sentir os aromas da terra e lembrar-se dele.
- Helô Souza -
sexta-feira, 24 de julho de 2009
-Clarice Lispector -