Giorgia Quintas*, autora da resenha, ao deter-se sensivelmente sobre o livro, lança um verdadeiro facho de luz sobre as imagens capturadas por JR Duran. Clareando nossa compreensão sobre o quão denso e profundo é (ou poderia ser) o ato de fazer retratos de outrem - ainda mais quando “outrem” é de outra cultura - ela nos mostra que o que as lentes duranianas põem a nú não são os corpos etíopes, e sim o forte etnocentrismo e a ausência de esforço em praticar alteridade que permeiam o olhar do fotógrafo. A potencialização da sensualidade dos corpos - marca típica da trajetória profissional de Duran – ao ser dirigida às savanas africanas, numa imersão de apenas três semanas, tem como resultado uma estetização do olhar vazio, onde não há verdadeiro encontro, nem confronto de identidades entre fotógrafo e fotografado. Duran é o estrangeiro que não sai de si, que não se deixa impregnar pelo outro e que apenas repete o seu modo ver aqui e acolá. Não há uma verdadeira troca de olhares, quiçá de perspectivas. A beleza sensível da imagem fotográfica, diz Giorgia, "não se restringe à perfeição ou sensualidade de quem se apresenta no registro, mas sim a como se 'processa' o encontro desta captura: a maneira, a aproximação, a emoção canalizada neste tempo (que, este sim, é essencial ao ato fotográfico) e espaço."
A resenha de Giorgia é cortante, mas necessária. E pode ser lida na integra aqui
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